O Fogo de Santo Antônio (Esporão do Centeio)

O Fogo de Santo Antônio (Esporão do Centeio)

É um fungo que infecta os ovários de cereais como o trigo, o lolium (um cereal que parece com o trigo), a aveia, a cevada, o sorgo e o centeio ou de gramíneas como o pasto azul do Kentucky (Bluegrass - nome que também é usado para denominar um tipo de música folk americana) nos anos chuvosos. Provoca intoxicação ao ser ingerido quando se produzem pães com estes cereais infectados, sendo atribuído a ele alucinações. Pode levar à morte e à amputação de membros e pode intoxicar também animais.




Nome: Secale cornutum, Claviceps purpurea, Clavus secalinum, Secale clavatum, Clavaria clavus, Acinula clavis, Clavi siliginis, Speemoedia clavus.
Centeio espigado, Fogo de Santo Antônio (St. Anthony´s Fire), Esporão do Centeio (Ergot of Rye). Achterkorn, afterkorn, blé, blé cornu, blé noire, bockshorn, brandkorn. Chiodo segalino, cockspur rye, cornezuelo de centeno, espolón de centeno, faux seigle, giftkorn, horned rye, seigle ivre. Cravagem.

O nome Ergot vem do francês "argot" que quer dizer esporão feito pelo homem que era colocado nas pernas dos galos para as brigas de galo. O fungo quando infecta os cereais e gramíneas parece este esporão dos pés dos galos.


Galo de briga com o esporão

Família: Clavicipitaceae. Pirenomicetas.

Origem: Europa

Regiões onde se encontra no mundo: Europa, Austrália, Estados Unidos, África. 

Existem outras espécies de Claviceps que acometem milho e gramíneas nas Américas. 

Onde se encontra: Remédios para enxaqueca (Cefaliv, Ormigrain, Tonopan, Migrane, Gynergene). Remédios para vertigem, zumbidos no ouvido, distúrbios vasculares (Vertizin D). Remédios para galactorréia (Bromocriptina). Methergin (Ergometrina).

Como se prepara na homeopatia:
A tintura mãe é obtida da maceração em álcool a 90% do esporão, antes de ser colhido o centeio.

O Ciclo do Fungo:



Uma parte do esporão é colhido junto com os grãos e outra parte cai no chão. Os esporões ficam dormentes até que as condições climáticas favoráveis apareçam. Os esporões germinam durante a primavera um pouco antes da floração dos cereais e gramíneas. O fundo forma uma outra estrutura em forma de cogumelo que formam esporos. Estes esporos entram nos ovários dos cereais e gramíneas. Ali, secretam uma substância denominada "honeydew" ou melado (tradução literal "orvalho de mel") que tem por objetivo chamar insetos para que polinizem as flores.

Alcalóides encontrados:


Ergotamina

Ergotamina: Age bloqueando receptores adrenérgicos. Age nos receptores dopaminérgicos e também nos receptores 5HT1 e 5HT2.
Ergonovina, ergosina: Provoca espasmos nas artérias coronárias.
Ergocriptina, ergocornina: Inibe a produção de prolactina na hipófise anterior agindo em receptores dopaminérgicos. Age como agonista nos receptores D2R e antagonista nos receptores D1R.
Ergocristina: Produz vasoespasmo nas artérias renais e por isso induz à apoptose dos túbulos renais proximais. Provoca espasmos coronarianos.
Ergometrina: Provoca contração do útero e dos vasos do útero. 
Ergotina: A partir da ergotina foi sintetizado o ácido lisérgico (LSD), que provoca alucinações. 
Ergobasina
Ergocrisina
Ergoclavina
Ergoflavina
Ergosterol
Ergotaminina
Ergotioneína
Ergotocina
Ergotoxina

História

O centeio começou a ser cultivado na Europa na região de Hallstatt em meados de 1000 a.C. Chegou na Grécia no século IV d.C. 
Os hebreus antigos falam do "son" ou "sonin" que seria um trigo escuro degenerado que tinha gosto amargo. Ao ser consumido, intoxicava e era letal, dependendo da dosagem. 

Em regiões da Europa e do Oriente Médio, durante os anos chuvosos, o trigo, a cevada e o centeio eram infectados por um fungo. Quando os camponeses faziam pães com estes cereais, ao ingerir o pão com esporão apresentavam o que se chamava de ERGOTISMO, sintomas de intoxicação pelo esporão do centeio.

Os sintomas do ERGOTISMO são:

Da parte física: Convulsões, precedidas de sensação de formigamento na pele e nos dedos, como se insetos estivessem andando pela pele; zumbidos no ouvido; cefaléia, vômitos, diarréia. Nos casos extremos de intoxicação, ocorria a gangrena e a amputação do membro afetado. Abortos, hemorragias uterinas, parada de produção de leite nas mães.
Da parte mental, seriam mania, melancolia, alucinações, psicose, delírio.

Estes sintomas foram interpretados como resultado de bruxaria, pois as convulsões e alucinações podiam ser de fato resultantes de possessão e transe mediúnico.

As vacas também sofriam da intoxicação, tendo patas e rabos caindo por gangrena, a produção de leite cessava e muitas vezes elas morriam.



Peça do altar de Isenheim de Matthias Grunewald para os pacientes que sofreram do Fogo de Santo Antônio. 

Havia um santo chamado Antonio (não é o de Pádua), no Egito, que era asceta, viveu no ano 400 desta era. Suas relíquias estavam em Constantinopla, mas foram levadas para uma igreja no sul da França.
No século XI, Guerin la Valloire, um nobre francês, foi acometido pelo ergotismo. Ele se recuperou da intoxicação e atribuiu a cura às relíquias de Santo Antônio de Egito. Por conta disso, essa doença foi denominada Fogo de Santo Antônio. Guerin e seu pai fundaram a ordem monástica dos Irmãos Hospitalários de Santo Antônio.


Símbolo dos Hospitalários de Santo Antônio do Egito

Mais de 300 hospitais especiais foram montados onde monges da ordem de Santo Antônio de Egito ficavam com os doentes, dando-lhes alimentação adequada, passando ervas nas feridas. Estas ervas eram: Mandrágora, açafrão, Aconitum napellus, tansagem (Plantago major), ruibarbo.  
Em um destes hospitais, em Isenheim, fez-se um altar que é uma obra prima da época.


Santo Antônio e um amputado pela gangrena do Fogo de Santo Antônio


As peças dos membros amputados e Santo Antônio

Quando estas intoxicações em massa aconteciam, 10 a 20 % das pessoas intoxicadas morriam. 

O historiador François Eudes de Mezeray falou de uma praga que aconteceu no sul da França no século X. Os aflitos entravam nas igrejas invocando os santos. Eles sentiam dores queimantes nos membros e o cheiro da carne dos membros que estava apodrecendo enchia o ar. 


St. John´s Dancers At Molenbeeck (Pieter Brueghel II)

Na Alemanha, no século XV, um estranho surto de dança ocorreu em 1374 em Aachen. As pessoas saiam de suas casas e "dançavam" ou se mexiam compulsivamente até a exaustão. Podiam ser terriveis espasmos musculares do ergotismo. Denominaram esta dança de Dança de São João (St. John´s Dance). A dança se espalhou por diversas cidades que beiravam o Rio Reno. 


Gravura de Hendrick Hondius inspirado no quadro de Pieter Brueghel

Em 1518, em Estrasburgo ("Strasbourg") na Áustria, uma mulher, Frau Troffea, começou com este surto. Em um mês, mais de 400 pessoas se juntaram na dança, na frente do mercado de cavalos. Alguns oficiais acharam que aquelas pessoas só precisavam extravasar e dançar o que pudessem e então contrataram músicos flautistas e bateristas, dançarinos para manterem as pessoas inspiradas (só podia ser na cidade de Mozart). 
No entanto, ao invés de diminuir o número de pessoas, parece que o número só aumentava e as pessoas concluíram que era o estímulo da dança que estava piorando as coisas. Proibiram as danças durante aquele tempo, mesmo em festas e casamentos. 
Este surto foi chamado de Dança de São Vítor ("St. Vitus Dance"). Quem era acometido por esta dança era levado para a cidade de Saverne na Catedral de São Vítor ("Saint Vitus Shrine") para ser curado pois este santo deveria tê-lo amaldiçoado. As pessoas eram calçadas com sapatos vermelhos e davam pequenos crucifixos para elas segurarem. Jogavam água benta e benziam com óleo sagrado os pés destas pessoas. Acendiam incenso em volta. Falavam frases em latim para exorcizar as pessoas. 
Este surto durou três meses e em alguns períodos até 15 pessoas morriam por dia.
Paracelso descreveu este episódio em "Opus Paramirum". No entanto ele achou que fosse uma crise de histeria de Frau Toffea para irritar seu marido que foi seguido por outras mulheres logo depois. 

As Bruxas de Salem

Em dezembro de 1691, a cidade de Salem, em Massachusetts, EUA, oito mulheres apresentaram convulsões, vômitos, diarreia, sensação de formigamento e fala desordenada que foram considerados bruxaria. Elas disseram que tinham sido vítimas de bruxaria e acusaram outras três mulheres de terem feito os feitiços. Uma delas apenas confessou que teria feito feitiço, provavelmente por pressão de ter de confessar algo, talvez tortura. As três foram condenadas. Mais para o final do ano, mais moradores apresentaram os mesmos sintomas e foram submetidos a julgamento. Em 1692, um total de vinte pessoas foram condenadas. Dezenove foram enforcadas, uma morreu na prisão e outra morreu apedrejada. O surto cessou no ano seguinte. O próprio júri do local admitiu que cometeu-se um erro e não sabiam o que tinha acontecido.




A intoxicação pelo fungo se manifesta mais em mulheres do que nos homens e mais em pessoas mais jovens. Por isso as primeiras a terem os sintomas foram mulheres jovens.

Nos Templos Iniciáticos da Antiguidade

No rito de Eleusis

No rito de Eleusis diz-se que bebia-se um enteógeno denominado Kykeon que teria ópio, o esporão, ruibarbo, cevada e mel. O ópio na homeopatia é um antídoto para o Ergot. O ruibarbo trata a intoxicação. Não se sabe ao certo se realmente o esporão fazia parte da composição do Kykeon, por conta da toxicidade do Ergot. Talvez estes dois componentes, ópio e ruibarbo neutralizassem seus efeitos colaterais. 


A história de Demeter e o rapto de sua filha Perséfone é o tema central do rito de Eleusis (ver "Eleusis"). Esta deusa sempre é representada com cápsulas de papoula (de onde se extrai o ópio) e ramos de cereais. 


Diz-se que o Kykeon era feito de cevada e temperado com menta. 
Havia uma ninfa que era amada por Hades que se chamava Menta. Um dia ela disse que era maior do que Perséfone. Demeter e Perséfone a transformaram numa planta, a menta depois disso. 

Há uma planta que seria Plantago major (Tansagem) que é conhecida como "planta de Perséfone" que é utilizada para tratar o ergotismo. 

No Oráculo de Delfos

As Pythias eram mulheres sacerdotisas que tinham o dom de profetizar, que serviam do Oráculo de Delfos, na Antiga Grécia. 



Em Delfos, havia uma fenda no prédio do oráculo e um gás saía daquela fenda. A Pythia sentava num banco em cima desta fenda e respirava este gás, junto com fumaça de incenso. 

Acredita-se que no incenso do Oráculo de Delfos na Grécia antiga o esporão era componente junto com Hioscyamus albus e Laurus nobilis (folhas de louro). 

É provável que a sacerdotisa entrasse em um transe mediúnico talvez por respirar o gás que era tóxico e produzir DMT como ocorre nas experiências de quase morte. Em conjunto com o incenso, que levava a este estado. O problema é que pelo gás ser tóxico, muitas das Pythias podiam ter convulsões e morrer após a cerimônia. Plutarco, o historiador e sacerdote do templo de Delfos, diz que muitas da Pythias tinham vidas curtas por conta disso. 

Na Medicina Antiga

Na antiguidade há indícios de que os povos do Oriente Próximo conheciam essa condição. Os Assírios relatam desde 700 a.C. observavam pústulas no trigo. Textos persas de seguidores de Zoroastro falavam de gramíneas que faziam as grávidas abortarem e morrerem no parto.

Lucretius (98-55 a.C) fala do ergotismo, o qual denomina "Ignis sacer" (Fogo sagrado). 

A primeira vez que foi mencionado o ergotismo com gangrena foi em "Annales Xantenses" na Alemanha no ano de 857 d.C.

"Uma grande praga de bolhas edemaciadas consumiu as pessoas por um apodrecimento repulsivo de tal maneira que seus membros se soltavam e caíam antes de morrerem." 

Em 945 em Paris, na França, a primeira epidemia de ergotismo convulsivo é descrita. 

"Era acompanhada de eritema, diarreia, vômitos, formigamento e sensações de queimação dos membros agonizante, frequentemente precedidas de convulsões, catalepsia, alienação ou excitação maníaca, por isso sendo chamada de 'dança epidêmica'. A maioria das vítimas morria, mas alguns que foram para a Igreja de Santa Maria ou Martial sobreviveram, provavelmente porque conseguiram comida não contaminada como foi visto na epidemia de Aquitaine na França (994 d.C.) na qual 40.000 pessoas morreram. "

Em 1582, Adam Lonicer na Alemanha menciona pela primeira vez o uso do Ergot para estimular as contrações uterinas administrando um esporão. Ele também descreve com clareza pela primeira vez o esporão. 

Caspar Schwenkfeldt em 1600 na Polônia já pensava que o orvalho de mel do centeio era a causa das epidemias de ergotismo. 



Primeira gravura mostrando o esporão de 1600, Caspar Bauhin

Em 1670, Dr. Thuillier da França descobriu que estes sintomas do Fogo de Santo Antônio eram da intoxicação pelo fungo nos cereais. No entanto, ele não publicou o resultado de suas pesquisas. Em 1676, Dodart e o filho de Thuillier resolveram a charada das causas do ergotismo gangrenoso. Em 1695, Johann Brunner descreve a causa do ergotismo convulsivo. 

No final do século XVIII, quando perceberam que era o fungo que provocava estes sintomas, começaram a utilizá-lo como medicamento. O preço do fungo no mercado por conta disso chegou a custar vinte vezes mais do que o do trigo por quilo antes da primeira guerra mundial.

Em 1787 Paulizky descreve o Ergot sendo usado como medicamento no parto, como o "pulvis ad partum". Era usado por parteiras e médicos. 

No entanto, John Steams em 1807 escreve uma carta falando sobre as propriedades, as dosagens e os efeitos colaterais do Ergot. O problema é que dava muitas náuseas, vômitos. 

Em 1822, Hosack descreve muitas mortes de bebês ainda dentro do útero durante as induções de parto com o Ergot resultando em ruptura uterina e morte materna. O "pulvis ad partum" começou a ser denominado "pulvis ad mortem". Ao final do século XIX, este medicamento foi abandonado.

O ocultista Pierre Piobb deu uma receita de loção para sonhos proféticos que contém o esporão do centeio como principal componente, bem como a terebintina,  rosas vermelhas, Hedera helix, Alchemilla mollis, Vernonia, Aconitum napellus, a gema do ovo de um pato, leite de cabra ou égua, raspas de chifre de veado, óleo de baleia, mais um composto antigo chamado Diascordium*. Depois ainda se cozinhava tudo isso com mais ingredientes e diluia-se e passava-se nas mãos, pés, cabeça e abdome antes de dormir.

* Diascordium: Loção com opium, storax (resina de Liquidambar orientalis), Galbanum (resina da planta Ferula gummosa), Cassia lignea,  Teucrium scordium, rosas vermelhas,  dictamnus (uma erva afrodisíaca que se encontra somente nas montanhas da ilha de Creta), Gentian, Tormentilla erecta, Bistort officinalis,  gengibre,  Piper longum, canela, mel rosado, vinho madeira, âmbar. Data do século XVII. 

Na medicina moderna: 

Em 1835, Heinrich Wiggers procura analisar e isolar os compostos ativos do Ergot sem sucesso, provavelmente por não ter tecnologia suficiente. 

Em 1875, um alcalóide puro (ergotinina) é sintetizado na França por Tanret. 

No século XX, muitos estudos foram feitos para analisar os efeitos na contractilidade uterina e na amamentação, resultando em remédios para as respectivas condições. 

Em 1938, Albert Hofmann sintetiza o LSD-25, porém abandona temporariamente sua produção por não ter um valor terapêutico no corpo físico. Em 1943, ele resolve sintetizar mais LSD-25 e resolve experimentar nele mesmo. Ele tem as visões psicodélicas e reporta para o laboratório Sandoz, que lança o remédio sob o nome de Delysid.

Depois disso, Hofmann resolve analisar uma bebida enteógena asteca que utilizava a planta Ipomoea purpurea (Glória da Manhã, "Morning Glory") e descobre que o composto psicoativo desta planta era muito semelhante quimicamente ao LSD. 


O problema todo em todos os casos dos enteógenos são pessoas utilizarem para uso recreacional. Quando há uma intenção séria em fazer uma experiência espiritual num ambiente adequado, longe de bebidas, música vulgar, conversas ruins e fúteis, pode-se ter experiências boas e significantes. Infelizmente não foi o que aconteceu nos anos 60, ainda mais misturando com cocaína e heroína, que foram extraídas de plantas porém sem um processo xamânico e pegando apenas seus componentes que provocam vício e estimulam atitudes perigosas. 

Na pintura, na literatura e na mídia:

O poeta romano Lucretius descreveu o ergotismo em seu poema "On Nature" entre o período de 94-55 a.C. 

Hieronymus Bosch pintou "A Tentação de Santo Antônio", sobre a vida e os devotos de Santo Antônio do Egito, principalmente em relação ao Fogo de Santo Antônio.




E.T.A. Hofmann escreveu uma novela de horror que se chamava "The Elixirs of the Devil" e descrevia o "vinho de Santo Antônio" que provocava alucinações. 

Em 1933, Leo Perutz estranhamente profetiza a descoberta do LSD através do ergot. Ele descreve um experimento onde um químico isola um composto de um fungo que dá em um cereal. 

Em 1987, Marion Zimmer Bradley de "As Brumas de Avalon" escreveu "Firebrand" que fala sobre a vida da sibila Cassandra, que é iniciada no rito de Eleusis e toma o Kykeon que seria feito de Ergot. 

Robin Cook escreveu sobre um fungo semelhante ao que teria provocado os sintomas de Salem em seu livro "Acceptable Risk".



No episódio 13 da quarta temporada de Arquivo X, um homem é tatuado com uma substância que seria a ergotamina. Ele tem alucinações e age estranhamente.



Scully também adquire uma tatuagem:



Aqueles que gostam de uma conspiração, pode ser o Ourobouros, mas também um símbolo da Ordem dos Dragões reptilianos...

Na Música: 

Black Sabbath gravou uma música com o nome de "St. Vitus Dance" (Dança de São Vítor). Bauhaus também. 

Na Homeopatia:

Tipo físico: Mulheres magras com tendência a sangramentos. Velhos principalmente mulheres velhas já com a pele enrugada em caquexia.

Sintomas:

Imagine uma pessoa comendo pão ou derivados do trigo, centeio ou cevada contaminados com este fungo. É literalmente o pão que o diabo amassou. A cada dia vai comendo um pouco mais, se intoxicando um pouco mais. É um veneno que age nos músculos provocando paralisia.

Age em todos os músculos. Antes da paralisia, ocorre astenia, cãimbras, dor, espasmos musculares e convulsões. Altera o tônus muscular, provocando então falta de coordenação dos movimentos. Depois há relaxamento das fibras sem contratilidade e por isso os reflexos estão abolidos. Por conta do muito tempo de paralisia, os músculos se atrofiam.

A primeira função muscular que é perceptível é a locomoção. A astenia, a câibra, as dores, os espasmos e a marcha se torna vacilante e insegura até que o paciente não consegue mais andar, não consegue mais ficar em pé.

Depois disso, há dificuldade de mastigar, depois de deglutir e falar. Os esfíncteres não funcionam provocando incontinência.

A musculatura lisa da parede dos vasos é afetada e paralisada também, o que favorece à estase venosa, provocando gangrena.

A respiração se torna lenta. Por falta de oxigenação, há insuficiência respiratória.
O miocárdio, além de ter problemas com a falta de oxigenação, também é afetado como todos os músculos, podendo existir primeiro as palpitações (como se fossem espasmos), arritmia, lentificação das contrações e parada cardíaca.

Atua com mais intensidade na musculatura lisa dos vasos e do útero.
Isso explica a vasodilatação dos vasos cefálicos, sendo seu derivado, a ergotamina, utilizado nas enxaquecas.
No útero, provoca espasmos, porém mais durante o trabalho de parto e no puerpério, podendo ser utilizado como medida heróica para estancar sangramentos uterinos após a decídua.

Sintomas mentais:
Tristeza, melancolia, depressão. Impulso de afogar-se.
Demência.
Loucura. Atos despudorados.
Insônia por pesadelos ou muita sonolência.

Este fungo é um parasita das gramíneas e grãos. Ele se mostra claramente para as pessoas com seu aspecto de esporão, não finge quem é. Ao mesmo tempo, arranjou uma maneira de agradar aos homens com a ergotina, que pôde ser transformada em LSD, talvez sendo usada em um ritual extremamente importante na Grécia antiga.

Uma pessoa com estas características tem a tendência a ser dependente dos outros. Procura familiares, amigos ou cônjugues de     quem vai obter vantagens, porém não vai lhes retribuir, como é típico de parasitas. Uma estratégia para que não acabem com ela é arranjar uma maneira de ser único, especial e insubstituível (no caso do fungo, tem as propriedades enteógenas a ponto de ter sido considerado chave para um dos principais rituais da Grécia - de repente tem mediunidade e pode até servir em centros espíritas, em igrejas evangélicas como pastora). É sedutora. E é particularmente sincera, como o fungo, mostra-se com o aspecto do esporão na cara.

Quando criança, tem muitas doenças. Ao contrário de outros remédios como Baryta que tendem a cooperar e não provocar problemas, Secale tem a tendência de querer chamar a atenção e ainda é o ser mais especial de todos. Quando adolescente, se torna rebelde e pode ter tendência à automutilação, depressão, comportamento de transtorno borderline.

Num casamento, parece estar num mundo isolado "eu e meu marido" e tem muitos ciúmes. Tem poucos amigos que não significam muito. Pois o principal relacionamento é com quem ele parasita. Quando tem um amigo, precisa ser o melhor amigo daquele amigo. Se outra pessoa aparece e ameaça este posto, tentará afastar o concorrente.

Reclama de quem tem dependência, da família, dos amigos, do marido que não dá toda atenção ou não cuida direito. Pela dependência emocional pode parecer Pulsatilla e pelas queixas do marido pode parecer Sepia.

Quando casadas, podem querer ter filhos para não perderem o marido. Engravidam, porém tem muitos abortos. Trata o bebê no útero como se fosse um parasita, diz que o bebê é um parasita. Quando conseguem levar a gravidez a cabo, depois do parto pode ter sangramentos. Pode não conseguir amamentar porque o leite não vem. Tem muito ciúmes se o filho for do mesmo sexo. Uma mãe que compete com a filha, um pai que compete com o filho. 

Os parasitas tem crenças de vitimização e portanto ao mesmo tempo que parasitam, acham que outras pessoas se aproximam para parasitar. Como vítimas, estão constantemente doentes e a doença pode servir como uma maneira de chamar atenção e cuidados de outros. 
Como tem esse comportamento parasita, não consegue sentir os outros genuinamente. Esse vazio emocional ela procura preencher com álcool e drogas. 
Envelhece rapidamente e apresenta as doenças degenerativas e vasculares. 

Sintomas gerais:
Emagrecimento, debilidade mesmo com sede e apetite excessivos.
Melhora no frio, ao esticar os membros. Piora pelo calor e quando tem alguma hemorragia.
Sensação de queimadura apesar de ter a pele fria. Extrema sensibilidade ao toque e ao movimento.
Inflamação violenta.
Hemorragias com o sangue escuro, aguado, fétido que escorre lentamente.

Pele:
Pele fria, mas não quer se cobrir.
Púrpura hemorrágica.
Gangrena seca.
Úlceras varicosas que sangram e se esfacelam.

Cabeça:
Opacidade da córnea. Catarata senil.
Boca com língua edemaciada, com marcas nos bordos laterais.

Sistema nervoso:
Cefaléia em região occipital ou sobre os olhos, que agrava rapidamente. Enxaqueca com náuseas, vômitos.
Vertigem, peso e pontadas na cabeça.
Convulsões que podem ser tanto generalizadas ou focais evoluindo para generalizadas. Opistótono.
Epilepsia com ataques frequentes e prostração muscular após as crises.
Ataxia locomotora. Paralisia anterior aguda.

Aparelho respiratório:
Epistaxe. Secreção nasal.
Respiração lenta, cãimbras no diafragma.
Insuficiência respiratória.

Aparelho cardiovascular:
Taquicardia, ritmo irregular, pulsos fracos e irregulares.

Sistema digestivo:
Paralisia do esfíncter anal, incontinência fecal.
Gastroenterite. Disenteria.
Vômitos sanguíneos.
Peritonite após cirurgias abdominais.

Aparelho Urinário:
Polaciúria com tenesmo. Hematúria. Enurese senil. Paralisia vesical.
Os rins também podem sofrer isquemia e necrose.

Sistema reprodutor:
Excesso sexual
Dismenorréia, cólica menstrual. Menstruação excessiva por muito tempo, fétida que pode emendar com o outro período menstrual.
Leucorréia ardente, ofensiva.
Dores no útero em ardência.
Retenção da placenta em parto prematuro.
Ameaça de aborto no terceiro trimestre (Nilo Cairo) ou a partir do terceiro mês de gravidez (Lathoud).
Contrações irregulares, fracas ou ausentes durante o trabalho de parto, inércia uterina. Se a dose for excessiva, as contrações são muito fortes e depois do trabalho de parto e ocorre hemorragia depois, com tendência a não coagular.
Dores contínuas no puerpério.
Lóquios fétidos.
Ausência de leite durante o puerpério.
Fibroma uterino.
Hemorragias uterinas.
Dores no câncer de útero.

Membros:
Espasmos musculares.
Cãimbras e amortecimento dos membros. Formigamento nos dedos. Fenômeno de Raynaud. Frio nas extremidades.
Gangrena seca que se desenvolve lentamente (intoxicação lenta e progressiva). Dactilose espontânea (Ainhum - termo angolano que significa "serrar". É a fibrose e absorção espontânea do quinto pododáctilo).
Úlceras varicosas.
Ataxia locomotora. Paralisia anterior aguda.

Uso nas doenças:
Poliomielite aguda (com sintomas de paralisia anterior): 10 gotas TM de 4/4h em crianças de 2 anos. 2 gotas a mais para cada ano a mais.
Inflamação violenta em qualquer parte do corpo.
Demências.
Mal de Parkinson.

Antídotos: Camphora e Opium.

Derivado na homeopatia: Ergotinum.

LINKS DE REFERÊNCIA
Claviceps purpurea , The Salem Witches
Ergot of Rya (Schumann G.I)
A Strange Case of Dancing Mania Struck Germany Six Centuries Ago Today
The Dancing Plague of 1518
A Masterpiece Born of Saint Anthony´s Fire
What Was Saint Anthony´s Fire, The Medieval Killer In The Rye?
Grunewald, Isenheim Altarpiece
The Holy Fire and The Lonely Saint (Matthew Spellberg)
St. Anthony´s Fire: Ergot and The Kidney
Ergot of the Rye : Introduction and History
The effects of selected factors on measured ergot alkaloid content in Claviceps purpurea infected hexaploid and durum wheat
Ergocristine
History of Ergot Alkaloids from Ergotism to Ergometrine
Kykeon

LIVROS DE REFERÊNCIA
1. Guia de Medicina Homeopática (Nilo Cairo)
2. Estudos de Matéria Médica Homeopática (Lathoud)
3. Fungi - Volume 2 (Massimo Mangialavori)

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